06 janeiro 2009

Balanço de 2008

2007 tinha sido o ano de todas as esperanças; no fim de 2006 tínhamos consulta marcada para acerto (o que seria??) e em 2007 foi a primeira vez de tudo: das grandes e desmesuradas esperanças e das grandes e incalculáveis perdas.

Por causa de problemas e atrasos e esperas 2008 foi o ano da repetição de algumas coisas: repetição do tratamento hormonal para punção ovárica e repetição de transferência embrionária.

No entanto 2008 foi também um ano de experimentação de emoções e vivências diferentes em relação a todo este processo.

Foi em 2008 que o meu organismo hiper-reagiu e fiz uma hiper-estimulação ovárica que me valeu 15 dias em casa com recomendações de repouso absoluto e ingestão de muitas proteínas.
Por causa desta hiper-estimulação os nossos embriões foram congelados, alguns perderam-se entretanto.
Por causa desta hiper-estimulação fiquei desregulada hormonalmente e só pude fazer a transferência uns 4 para 5 meses depois, em finais de Julho / inícios de Agosto.

A soma dos custos de toda esta "brincadeira", contabilizando os indirectos, vai para perto (se é que não ultrapassa) os 2000€.

Em tom de "pensar alto", pergunto-me quantos pais cujos filhos já existem e estão nos braços deles e os podem beijar e mimar têm 2000 euros para lhes comprar coisas.
Digo muitas vezes que já gastei mais com os meus filhos que não posso abraçar porque não existem mais do que alguns pais gastam uma vida inteira.
Mas eu szei, não posso pensar assim, é injusto. Mas penso.

Em Setembro fomos avisados que todo o processo ia ser obrigatoriamente interrompido por causa de umas obras na FIV que deveriam ter terminado em Novembro. Qual quê... "Telefonem em Janeiro". E em Janeiro estamos.

2008 chegou ao fim. Foi um ano emotivo, foi um ano duro, foi mais um ano de aprendizagens. E neste processo nunca sabemos tudo. Nunca estamos preparados para nada. Nem para o recomeço.

13 agosto 2008

Actualização

Seria bom se pudéssemos pôr um fim ao que nos causa dor. Às vezes podemos, outras vezes não.

Resolvi actualizar este blog visto que estando aberto ao público e não tendo de todo o processo chegado ao fim há informações que posso partilhar a quem venha cá parar e que esteja na mesma situação.

Faz hoje um ano que a contra-análise ao primeiro resultado positivo revelou que a gravidez (breve, sabemos) não foi evolutiva.

Faz hoje um dia que fiz a primeira análise depois da segunda transferência e que deu negativa. Sem hipótese, negativa chapada.

Ao longo deste ano várias coisas sucederam no nosso processo.

Primeiro a consulta que foi em Dezembro, depois o médico que quis uma avaliação psiquiátrica devido a eu estara tomar ansiolíticos, depois o reinício das hormonas em Fevereiro nas mesmas dosagens.

Em Março houve recolha de óvulos com uma surpresa para nós e para a equipa médica: hiperestimilação ovárica.

Seguiu-se uma baixa de 15 dias e a congelação dos embriões. No total uma recolha de 23 óvulos, a fertilização de 17 e o congelamento de 8.

Tudo voltaria ao normal dpeois de menstruar, coisa que aconteceu "logo" mas novo entrave. No mês seguinte, quando iríamos retomar o processo depois do percalço, falha mentrual, esperas para fazer análises a uma possível gravidez, resultados negativos, toma de medicação para vir o periodo. Mais tempo de espera, mais atrasos e atrasos.

Em Julho retomámos finalmente a medicação, a transferência foi feita dia 1 de Agosto e o resultado, negativo, sabido ontem.
Neste momento temos 5 embriões congelados apesar de sabermos que iam ser transferidos 2 de cada vez. É que dos dois primeiros descongelados 1 não preenchia os requisitos mínimos e foi preciso descongelar um 3º.
Qualquer dúvida, partilha, comentário, opinião, sugestão, enfim, o que vos passar pela cabeça, já sabem que poderão enviar um mail para

28 novembro 2007

O Fim

É muito difícil ler e reler, pensar e repensar, viver e reviver certas entradas deste blog, que serviu de registo e de escape para frustrações, mágoas, alegrias, relatos, felicidade, dor e angústia.

Partimos de cara lavada para outro blog, com esperança redobrada e pensamento positivo.

Muito obrigado a todos os nos apoiaram e continuam a apoiar!

Fim

Este blogue chegou ao fim.

Passou por muitas fases: a da esperança, a da expectativa, a da dor física, a da ansiedade, a da nova esperança, e a da dor e desilusão.

Não quero vir escrever sobre esta nova etapa que se aproxima e olhar inevitavelmente para as outras entradas carregadas de sentimentos e emoções que ainda doem.

Não. Quero partir para esta nova fase liberta do passado e de tudo o que foi. Quero mesmo recomeçar. E se sei que não posso apagar da memória muitas coisas, sei também que não preciso estar ao pé delas nem de as procurar.
Não vou encerrar este porque está aqui muito do que vivi nos últimos meses. Mas não quero vir aqui.

Há certas coisas que é preciso deixar ir, estou sempre a repetir isto aos outros. Está na altura de fazer o mesmo comigo.

Obrigada a todos os que por aqui passaram e deram apoio. Aos poucos vou-vos convidando outra vez para terem acesso ao novo blogue.

Beijos
Ela

14 novembro 2007

Recomeço para breve!

Temos nova consulta de acerto marcada para dia 17 de Dezembro.

Está quase!

07 novembro 2007

Boas notícias?

Uma entrada extra neste blogue, não que haja algum andamento no nosso processo, mas para "guardar" uma notícia (obrigada, Vanessa).

Público on-line , 07/11/2007

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1309967&idCanal=91

"Lei da PMA ainda espera por regulamentação
Maioria dos tratamentos de reprodução assistida ultrapassam comparticipação anunciada pelo Governo
07.11.2007 - 16h07 Ana Machado


A maioria dos tratamentos de procriação assistida (PMA) feitos em clínicas privadas são práticas de segunda linha (fertilização in vitro e microinjecção intracitoplasmática) e, em média, é sempre feita mais do que uma tentativa até se conseguir uma gravidez. A realidade da prática privada faz assim com que, na maioria dos casos, a PMA nas clínicas seja mais cara que o subsídio atribuído pelo Estado, como foi ontem anunciado pelo Governo.

No âmbito do orçamento de Estado para a área da saúde, o Governo anunciou ontem que passaria a comparticipar a PMA no sector privado a cem por cento os tratamentos de primeira linha (inseminação artificial e estimulação ovárica) e a primeira tentativa, ou primeiro ciclo dos tratamentos de segunda linha.

Alberto Barros, um dos precursores da PMA em Portugal, um dos mais acreditados especialistas nacionais, dono de uma clínica no Porto, disse ao PÚBLICO que, com a sua experiência, os critérios de financiamento por parte do Serviço Nacional de Saúde para a PMA feita no privado poucos casos abrangerão: “As pessoas procuram-nos depois de já terem passado por muito. Nos centros em todo o mundo o que mais se utiliza são a FIV e a microinjecção, em especial a última. E para obter uma gravidez fazemos, em média, um ciclo e meio no nosso centro, em geral não menos de dois em qualquer parte”, refere o especialista.

Mas Alberto Barros realça que esta decisão do Governo mostra o comprometimento do Executivo de Sócrates com os casais inférteis. “Há um claro compromisso do Estado com a PMA e, acima de tudo, um reconhecimento, pela primeira vez, que os centros públicos são insuficientes.”

Fernando Oliveira, da direcção da Associação Portuguesa de Infertilidade, concorda com Alberto Barros sobre o que é novo de facto nesta medida do Governo: “O que é novo é que o Estado reconhece, pela primeira vez, que não tem capacidade no sector público para responder aos doentes inférteis. E vai recorrer ao privado. Isto é muito importante”, refere, lembrando que os dez centros públicos certificados ficam todos a norte do rio Tejo e as regiões autónomas também estão fora deste mapa da PMA.

Segundo Fernando Oliveira, a comparticipação na Europa vai até aos três ciclos de tratamento. “Mas já é positivo que paguem os tratamentos de primeira linha sem limite de idade”, frisa.

A Lei da PMA, que esperou 20 anos em Portugal para ser redigida, foi aprovada em Julho de 2006. Mas ainda espera pela devida regulamentação, prometida para antes do Verão, mas que ainda não viu a luz do dia. Em Fevereiro deste ano foi tornada pública uma proposta de regulamentação do próprio Governo, que, na avaliação dos especialistas deixava muitas questões fulcrais por esclarecer.

O Conselho Nacional da PMA, criado com base no texto da actual lei, presidido pelo juiz conselheiro Eurico Reis, e do qual Alberto Barros faz parte, tem desde então, nas suas mãos, a tarefa de elaborar o documento final da regulamentação. O PUBLICO.PT sabe que a tarefa do Conselho já foi concluída. E que o passo seguinte está agora nas mãos do Governo. Mais uma vez.
"

20 setembro 2007

Janeiro / Fevereiro

É a altura apontada para recomeçar os tratamentos.

Para já novas análises e nova consulta de "acerto" (um dia explico o que é).

14 setembro 2007

17 de Setembro aproxima-se

Ready or not, "2ª feira" there we go again!

13 agosto 2007

Interregno

Próxima consulta: 17 de Setembro.

Até lá.

Acabámos de saber

Que o valor de β-HCG decaiu e que não há gravidez.

Vamos recomeçar o processo assim que nos for marcada nova consulta.

Obrigada por todo o apoio, carinho e mensagens de incentivo e conforto.

10 agosto 2007

Mais objectivamente:

Depois de fecundado, o zigoto (ou blastocisto, entre outros) instala-se confortavelmente no útero e agarra-se a ele como se a vida dele dependesse disso. E na realidade até depende.

Se o ovário já produzia progesterona para ajudar à nidação, depois da nidação (processo em que o zigotinho se agarra com unhas e dentes ao útero) a placenta, que se começa logo a formar, começa a produzir gonadotrofina coriónica, a tal "HCG", a tal que só as grávidas produzem. Grávidas, leia-se, as que além de terem tido o seu óvulozinho fecundado ainda tiveram o prazer e a benção de o ter nidado.

Na HCG há uma componente, a β-HCG, que ainda não descobri exactamente porquê é a analisada, e cuja presença indica gravidez (pois claro). Há valores considerados "mínimos" para que se possa dizer que se está perante uma gravidez evolutiva, ou seja, que tem "pernas para andar".

É este o caso. Tenho valores de β-HCG baixos. Mas, como diz a Tita, estão lá. E se estão lá é porque há placenta e se há placenta é porque há gravidez e os meus biõezinhos (desejo muito que tenham sido os dois apesar de, devido aos valores serem baixos, desconfiar que só vingou um) agarraram-se a mim com toda a força.

Se correr tudo bem, ou seja, se eu não perder estes biõezinhos, 2ª feira os valores de β-HCG estarão mais altos ainda e já se pode afirmar com certeza que sim, a transferência embrionária foi um sucesso!

Estamos de parabéns!

As análises acusaram a presença de ß-HCG! Valores baixinhos, segundo as palavras da enfermeira... mas estão lá!

By now...


09 agosto 2007

Amanhã...

Entre as 8 da manhã e as 2/3 da tarde, os corações batem mais depressa...

07 agosto 2007

Quem espera... desespera

Mas quem espera sempre alcança.

05 agosto 2007

6ª feira

Daqui a 5 dias já sei se estes sinais são indicadores de uma gravidez efectiva ou se são apenas sintomas da progestrona a invadir aqui o sistema.

Nunca mais chega dia 10...

Maldita progestrona

O que sinto agora é uma raiva imensa para com a progestrona.

Tenho tido uma série de sintomas físicos (dores e aumento ligeiro do tamanho das mamas, prisão de ventre, dores de estômago...), além de outros que sei associados à progesterona.

Uma das funções da progesterona é o relaxamento muscular para evitar espasmos do útero. O problema é que esse efeito não se limita à musculatura uterina e estende-se a vários tipos de musculatura, entre eles a musculatura que compõe o sistema gástrico. Estão explicadas as dores de estômado, a prisão de ventre, etc.

Boa!

(tirando outras coisas... claro...)

Já passaram 7 dias

Há exactamente 7 dias, três horas e 30 minutos que as Drªs Ana Paula e Maria da Graça transferiram os meus biõezinhos, devolveram-nos onde eles pertencem.

A única medicação que tomo é progesterona (600 mg por dia divididas em duas doses, uma matinal e outra à noite), a hormona que começa a ser segregada pelo corpo amarelo (a "cicatriz" da ovulação) todos os meses e que prepara o organismo para a recepção do zigoto. Tomo esta hormona em comprimidos já que todo este processo artificial tem que ser sustentado também artificialmente.

A partir da altura em que o blastocisto - conjunto celular composto por trofoblasto, embrioblasto e cavidade blastocística - se implanta no útero (nidação) começa a ser segregada uma outra hormona, a gonadotropina coriónica (HCG).

Dia 10, sexta-feira, vou fazer uma abnálise que vai medir a concentração de beta-gonadotropina coriónica (ß-HCG) no sangue. Nessa altura, caso tenha havido nidação, os valores de ß-HCG já são detectáveis e indicadores de uma gravidez evolutiva.

02 agosto 2007

Estavam assim

Pela altura da transferência os biõezinhos teriam cerca de 72h e mais ou menos este aspecto:

(imagem retirada do site da Pró-Embryo)

30 julho 2007

Em catadupa

Desde que há uma semana atrás fiz as análises de controlo e soube os resultados que os aocntecimentos se desenrolaram a uma velocidade assim... estonteante, especialmente para nós, habituados a esperar meses ou anos por um resultado.

As análises e a ecografia de 3ª feira mostraram que o meu corpo reagiu mais depressa que o previsto às hormonas (o Ele que o diga, certo?) e a punção ovárica ficou marcada para essa 6ª feira.

A punção foi, ao fim e ao cabo, uma minicirurgia sem bisturis nem pontos.

A tarde que se seguiu foi um bocadinho dolorosa mas 6ª parece já ter sido há muito tempo, numa outra vida.

Foram retirados 9 óvulos que foram separados em duas amostras: uma para ser fertilizado opr ICSI (pensávamos que iam ser todos assim) e outra parte por Fertilização In Vitro (FIV - vulgo "proveta").

A transferência ds embriões foi marcada para hoje às 9h mas só pelas 11h45 é que fomos chamados (estamos em crer que a EMEL e a MAC têm um acordo e dividem lucros) para nos dizerem primeiro que dos 9 óvulos retirados 5 foram fertilizados com sucesso pelo método "proveta" (FIV) e desses cinco um foi considerado muito bom e os outros 4 estavam com um desenvolvimento mais lento que o "normal".

Pelas 12h05 foram transferidos 2 embriões e os outros 3 , por serem considerados de menos qualidade, foram destruídos.

Dia 10 de Agosto faço análises para saber se estes dois "biõezinhos" se agarraram a mim com unhas e dentes.

27 julho 2007

Até agora tudo bem...

Tudo bem até agora, esperemos que continue assim...

Ambas as recolhas correram sem grandes demoras, tudo está pronto e a transferência marcada para segunda feira...

A Ela descansa na cama com algumas dores no ventre, mas nada de preocupante.

Agradecemos mais uma vez o apoio de todos...

Beijos e abraços!!!

26 julho 2007

Depois da punção

Depois da punção... não faço ideia.

Sei que à noite vou começar a tomar uns comprimidos de Utrogestan, um medicamento que é basicamente progesterona, a homona produzida na gravidez e que vai fazer com que o meu uterozinho esteja preparado para receber os embriões transferidos.

Não sei se será amanhã ou no dia da transferência que vamos decidir se transferimos dois ou três embriões.

Por um lado três aumentam as hipóteses de sucesso, mas por outro, visto que o meu pai e a minha mãe têm ambos irmãos gémeos e que eu estou na geração "gémica", corro o risco de duplicar as minhas hipóteses e ficar com 6. Não me parece muito viável.

Na devida altura falaremos com o médico para ele nos aconselhar.

27/07/2007

(Ena tantos "setes"!)

É já amanhã que vou fazer a recolha dos meus óvulozinhos. Logo às 8h da manhã tenho que lá estar; ontem tomei a última injecção (se correr tudo bem) de um terceiro medicamento - Ovitrelle - que é uma gonadotropina coriónica e actua na hoipófise obrigando-a a produzir hormona luteinizante em quantidades tais que os folículos ficam todos maduros para poderem ser extraídos.

Esta injecção é tomada 34h a 36 h antes da punção ovárica e por isso tem que estar tudo despachadinho entre as 8h e as 10h.

(E ainda bem porque isto dá uns efeitos esquisitos)

25 julho 2007

Fim de uma etapa

Esta etapa está a chegar ao fim.

Ontem às 21h dei a última de Gonal F, e agora acabei de dar a última de Decapeptyl 0,1. Já comprei o Ovitrelle para tomar hoje às 22h e fechar este ciclo de injecções. Não vou dizer que foi adorável, mas passou, tal como tudo na vida passa e por acomodação ou adaptação vamo-nos habituando. Felizmente este hábito não trouxe rotina e amanhã terei o meu primeiro dia de descanso sem furos, sem "hormono-dependência".

Esta fase do tratamento terminou mais cedo, seria suposto terminar algures depois de sexta-feira. São três dias de avanço. Menos três dias de respirar fundo, começar a picar e mudar de sítio porque afinal não é "aquele". E espetar a agulha no sítio massacrado do costume mas que ainda aguenta mais uma. Parece já um "alvo". Não fiz equimoses, não tive nada desses problemas. Só mesmo a guerra com as hormonas.

Terá este avanço sido alguma espécie de recompensa?

24 julho 2007

Reestruturação do plano inicial

Como o meu corpo reagiu (muito) bem às hormonas e se antecipou, todo o processo foi antecipado também.

Hoje à noite dou a última injecção de Gonal F, amanhã de manhã dou a última injecção de Decapeptyl 0,1, pontualmente às 22h tomo uma dose única e injectável de Ovritrelle (deste ainda eu não tinha falado), dia 26 não tomo rigorosamente nada e dia 27, pelas 8h da manhã, vou à MAC com os apetrechos necessários e saio de lá com uns óvulos a menos.

(se os valores que eu ouvi hoje correspondem à contagem dos óvulos então são para cima de muitos)

23 julho 2007

Boas notícias

Hoje foi novo dia de análises. Se bem se lembram o protocolo exige que sejam feitas análises de controlo para saber como o organismo está a reagir ás hormonas.

E a verdade é que está a reagir para além do esperado. Estavam marcados exames para sexta-feira dia 27 que foram antecipados para amanhã. Assim, está tudo em aberto e o que sei é que a punção ovárica poderá estar bem mais para breve que o que eu pensava e tinha planeado mentalmente.

21 julho 2007

A lógica do tratamento

Consegui compilar uma série de informação para que seja mais compreensível o tratamento hormonal: o porquê de ser eu, o que faz o Decapeptyl e o que faz o Gonal F.

Para que compreendam, deixo aqui os seguintes conceitos:

Hormona (do grego hormáo, excitar): substância química produzida pelas glândulas endócrinas, lançada no sangue, que a transporta até às células sobre as quais vai actuar.

Glândula (do latim glandula): órgão cuja função é produzir uma secreção orgânica.

Gonadotropina: hormonas libertadas pela hipófise. Estão incluídas a hormona luteinizante (LH) e a hormona foliculoestimulante (FSH). Chamam-se gonadotropinas por actuarem nas gónadas ou glândulas sexuais (na mulher os ovários, no homem os testículos).

O objectivo desta fase do tratamento não é conseguir uma gravidez mas sim conseguir uma produção em massa de óvulos, contrariando o ciclo natural feminino em que mensalmente é libertado um óvulo só.

A necessidade de uma ovulação múltipla resulta de não só da fecundação ir ser feita em massa (sendo uma fecundação "artificial" é mais "rentável" a fecundação de vários gâmetas, seja em tempo, em dinheiro e especialmente em hipóteses de sucesso) como também do conhecimento prévio de que a) nem todos os óvulos estão "capazes" de serem fecundados; b) muitos óvulos não resistem na fase de fecundação; c) nem todos os zigotos (célula resultante da fecundação) sobrevivem e passam a embriões; d) nem todos os embriões sobrevivem para serem transferidos; e) nem todos os embriões, após congelação, estão aptos para serem transferidos.

Há muitos factores a contar para o sucesso de todo este processo, a maioria externos.

Para já, o meu papel é ser pontual às 8h da manhã e às 21h.

O papel do Decapeptyl

O Decapeptyl está descrito como um "análogo da hormona libertadora de gonadotropina".

E o que quer isto dizer?

Para já que não é uma hormona natural mas sim sintética. Depois que foi concebida para funcionar no sentido de estimular a produção de gonadotropina.

E o que é que isso significa?

Enquanto que no processo "natural" o hipotálamo (uma glândula) segrega a hormona libertadora de gonadotropina (GnRH) que actua na hipófise (outra glândula) que ao receber a GnRH reage produzindo e libertando a hormona luteinizante (LH) e a hormona folicoloestimulante (FSH), neste caso é suprimida a função do hipotálamo e a estimulação da hipófise é feita a partir de uma hormona semelhante (mas sintética) que vai actuar no mesmo sentido mas de forma medicamente controlada e assistida.

O papel do Gonal F 900

O Gonal F está descrito como um "estimulante da ovulação e gonadotropinas".

Quer isto dizer que o Gonal vai incrementar a produção de FSH e de LH cuja produção já tinha sido inicialmente estimulada pelo Decapeptyl, actuando directamente na produção de óvulos.

A LH e a FSH

E qual a importância destas duas hormonas?

Devem ser muito importantes para que esteja a tomar dois medicamentos que acabam por estimular a produção de FSH e de LH. Ao fim e ao cabo o objectivo hormonal é que haja libertação e actuação de FSH e de Lh.

Mas onde? E como?

A FSH e a LH, produzidas pela hipófise, vão actuar directamente nos ovários. A FSH estimula a maturação dos óvulos e a LH estimula a libertação desses óvulos e numa fase seguinte é responsável pela produção de progesterona, necessária na gravidez.

A uma semana

Pelos meus cálculos, e porque está a correr tudo no planeado, daqui a uma semana poderei estar a preparar a recolha dos óvulos.

É uma coisa que me preocupa por alguns motivos:

- há uma ínfima mas real possibilidade de eu vir a ficar "lesionada" e na pior das hipóteses com sequelas permanentes

- não vai haver anestesia geral (mesmo que de muito curta duração) mas sim sedação (e se doi?)

- vou ter que estar amarradinha para evitar qualquer que seja o movimento que eu possa fazer, mesmo involuntáriamente.

Esta parte do amarradinha é para evitar que haja as tais ínfimas mas possíveis sequelas negativas. No entanto a ideia não me agrada mesmo nada.

Seja como for, cada vez está mais perto o momento da verdade. Segunda-feira há novas análises e sexta (se estas análises também indicarem que os níveis hormonais estão dentro dos parâmetros esperados) haverá não só análises como ecografia.

Os "altos"

Li melhor o prospecto do Gonal F. Os "altos" são, provavelmente, os edemas a que eles se referem. O (ar)dor também é normal.

O ardor no injectar do Decapeptyl é que não sei se é normal ou não porque as informações do medicamento não mencional nada.

18 julho 2007

Gostava de conhecer outras pessoas que tenham feito o mesmíssimo tratamento que eu estou a fazer. Asssim poderia prguntar-lhes se também chegou uma altura em que os líquidos a entrar ardiam cada vez mais e se também ficavam um um alto (tipo "galo") na zona das injecções...

17 julho 2007

2º dia de Gonal F

Ainda não vos disse que o Gonal F vem nuuma espécie de caneta (deve ser do género da que os diabéticos usam para dar as injecções de insulina) pré-doseada, pois não?

A "caneta" traz o líquido lá dentro, a única coisa que tenho que fazer é trocar as agulhas todas as noites.

A agulha deste é muito mais fina que a outra agulha e no entanto custa-me mais dar esta. Porquê? Não sei explicar. Será que é por não sentir mesmo nada (nenhum tipo de dor) a não ser uma impressãozinha quando carrego no embolo? Creio que essa impressão que sinto é devida a haver uma certa parte em que a agulha - e respectiva caneta - parece ficar suspensa, já que seguro com a mão direita para a manter no sítio, carrego no embolo com a esquerda, e depois troco outra vez para ir buscar o algodão. Algures durante este processo o peso da caneta fica uns milionésimos de momento apoiado na pele, pela agulha e isso faz-me impressão.

Hoje o Ele ajudou-me com o algodão, foi mais fácil.

16 julho 2007

E sempre o sentido de humor

Em conversa com o meu pai perguntava-lhe eu sobre o seu estado (ele esteve adoentado este fim de semana) e ele perguntava o meu, como estava a correr o tratamento.

Dizia-lhe eu que hoje é que era a sério. Dizia-me ele que era a sério desde que começou.

Dizia-lhe eu que sim, que era a sério desde que tinha começado, no entanto é como se cada fase nova é que fosse a sério.

Dia 02 de Julho era a sério porque começou o Decapeptyl? Não... a sério vai ser agora, com o Gonal F. E quando for a ecografia para ver se os óvulos estão prontos para recolha? AÍ é que vai ser a sério!... Não... e quando for mesmo a recolha? é que é! é que vai ser MESMO a sério! Não... e a fecundação? E a transferência? É isso.. depois da transferência É que VAI ser a sério... pois é isso mesmo, claro.

Porque a cada fase em que entramos tenho sempre a sensação que ESSA fase é que é a sério, que as outras que já ficaram para trás foram só uma preparação.

Gonal F

As análises de controlo feitas esta manhã trouxeram boas notícias: o meu organismo reagiu de acordo com o esperado para o tratamento inicial e começo hoje à noite a tomar o Gonal F, também injectável.

Enquanto a primeira fase consistiu em injecções matinais de Decapeptyl 0,1 mg de manhã, esta segunda fase vai continuar a ter o Decapepetyl 0,1 mg de manhã e acrescenta Gonal F 150 mg à noite.

Enquanto a embalagem de Decapeptyl 0,1 trazia apenas os ingredientes e eu tinha que preparar tudo em casa, o Gonal F já vem preparado numa "caneta" pré doseada. Serão 12 injecções e dia 27 de Julho aproxima-se vertiginosamente!

Sempre a acrescentar mais umas piquinhas.

14 julho 2007

Hoje acordei sobressaltada: sonhei que era 2ª feira e que eu estava acordar às 8h da manhã, hora que já devia estar na M.A.C. a fazer as análises para saber se inicio o Gonal F ou não.

Era daqueles sonhos que parecem reais...

12 julho 2007

A rotina matinal

Lembrei-me de fotografar os passos que dou na preparação e administração do Decapeptyl 0,1 mg.

(Foi à sétima vez, desta vez)














1º passo: preparação da seringa











2º passo: abertura da ampola de solvente




















3º passo: retirar o solvente com a seringa




















4º passo: inserção e mistura do solvente com o pó








5º passo: administração do produto

10 julho 2007

O 9º dia

Não é mais fácil dar uma injecção agora do que era há uma semana atrás. As indecisões no momento da picada continuam as mesmas e a maioria das vezes não a dou no primeiro sítio escolhido, mas sim no segundo ou terceiro.

Continuo a investigar para preparar a explicação sobre as hormonazinhas para que todos compreendam.

09 julho 2007

O que é o Decapeptyl?

Já descrevi aqui o Protocolo, já falei por alto de ter que ser eu a tomar os hormonas, mas ainda não expliquei o que é o Decapeptyl, a hormona que tem a honra de ser a primeira.

O Decapeptyl é um "análogo da hormona libertadora de gonadotropina".

A Gonadotropina ou gonadotrofina (GnRH) servem para o desenvolvimento normal do folículo e ovulação pois estimula a glândula pituitária a produzir FSH (foliculoestimulina) e LSH(luteoestimulina) que induzem ao crescimento folicular nos ovários.

Agradecemos

A todos os que nos têm apoiado, conforme podem, querem ou sabem.

A todos os que nos fazem perguntas sem receio, a todos os que não vêm este assunto como um tabú. A todos os que com as suas perguntas nos vão fazendo perceber que há muitas coisas que precisam ser explicadas porque nós fomos adquirindo um certo grau de conhecimento ao longo destes 5 anos e esquecemo-nos que os outros não e que precisam ou querem saber como é.

Agradecidos pelo vosso apoio.

Balanço da primeira semana

Ontem foi o sétimo dia de Decapeptyl 0,1 mg.

Aparentemente as coisas estão a decorrer na normalidade. Identifico como efeitos as dores de cabeça, algumas náuseas e pequenas variações de humor mas não posso dizer que me esteja a afectar a vida.

Eu pensava que ao fim de uns dias estaria habituada a dar as injecções mas não, não me habituo. Todos os dias é a mesma sensação, a mesma sensação no estômago, a mesma dificuldade na escolha do sítio a picar (hoje foi à terceira tentativa).

Para a semana que vem vou fazer análises para saber se começo a tomar o Gonal F ou se tenho que fazer sete dias extra de Decapeptyl 0,1 mg.

05 julho 2007

Problema resolvido

Ontem contactaram-me da empresa distribuidora do Decapeptyl em Portugal e o assunto está resolvido: o solvente é soro fisiológico, o importante é comprar soro com diluição de 0,9% esterilizado e injectável.

A ver se não faço mais asneiras até ao fim...

04 julho 2007

Terceiro dia de Decapeptyl

Ao terceiro dia tudo corre bem...tirando o sobressalto de ontem se ter partido um frasco de solvente.

Apesar da impressão que lhe causa, da aversão a agulhas, a Ela está a portar-se lindamente com as injecções. Eu já sabia que ela iria conseguir, por ter muita coragem e força interior, mas sei o que lhe custa.

Tenho pena que não me caiba a mim fazer o tratamento, porque quando experimentei não custou nada...nem senti a agulha ( afinal a barriguita serve para alguma coisa).

Continuo com a sensação de impotência, só posso dar apoio e esperar...

Obrigado a todos pelo apoio demonstrado!

03 julho 2007

E quando algo corre mal?

O Decapeptyl é um medicamento que vem em pó num frasquinho sendo preciso misturar um solvente que vem num outro frasquinho, tipo ampola. Ambos os frasquinhos são em vidro.

A preparação é simples, depois de partida a "tampa" vira-se a ampola ao contrário (o líquido não verte), introduz-se a agulha no "gargalo" e retira-se uma parte do líquido solvente que se vai deitar no frasco que contém o medicamento propriamente dito - em pó.

Todo o líquido que for misturado como pó tem que ser retirado e injectado, ou seja, quanto mais líquido for usado na solvência mais longa é a injecção, de modo que nunca retiro a totalidade do solvente.


(o solvente)

Sendo assim tenho duas ampolas de solvente por metade, guardadas na embalagem para entregar na reciclagem dos medicamentos na farmácia.

Hoje tive um pequeno "acidente": deixei cair uma das ampolas de solvente. O frasco caiu com a base no chão e partiu-se. Está inutilizado.

(O medicamento)


Lembrei-me que:

1 - tenho restos de outros dois que poderão eventualmente ser usados.
2 - ver o prospecto do medicamento e a solução solvente não é nada mais nada menos que Cloreto de Sódio dissolvido em água, ou seja, soro fisiológico

Liguei esta tarde para o distribuidor do produto em Portugal e a pessoa com quem falei foi bastante simpática e terá que falar com o responsável da farmácia.

A ideia que expus foi simples: ou uso um dos frascos já abertos (que está guardado) para dissolver ou uso soro fisiológico do frasco que tenho cá em casa.

Amanhã ele liga-me com uma solução para o meu caso. Cada caixa de medicamentos traz 7 ampolas de cada e duvido que vendam o solvente separadamente.

02 julho 2007

Dia Zero

Foi hoje.

A partir de agora não há contagem decrescente, só o relatar do que se vai sucedendo.

De manhã a injecção preparou-se bem, consegui injectar logo à primeira, com alguns stresses mas nada que um controlo da respiração não resolvesse.

O truque é respirar controladamente e manter a calma.

Os efeitos secundários do Decapeptyl são os seguintes:

- afrontamentos
- astenia (fraqueza)
- dores de cabeça e enxaquecas

Imagem da primeira injecção do primeiro tratamento


E desculpem a inexpressividade, mas eu estava cheia de sono...


É só clicar aqui.

Este já começou


01 julho 2007

Só sei é que este mês vai passar a voar...

O "Protocolo FIV"

Esta coisa de começar a fazer "o tratamento" exige um plano estratégico que tem que ser seguido rigorosamente à risca. Assim, o plano é o seguinte:

02/07/2007
Início do Decapeptyl. A injecção é dada todas as manhãs à mesma hora.
Entre as 14h e as 15h devo ligar para a unidade FIV da MAC para informar que iniciei o tratamento.

O Decapeptyl vai ser tomado do primeiro ao último dia de tratamento.

16/07/07
Recolha de sangue às 8h.

Hipótese 1 - Os níveis hormonais existentes são os esperados - começo nessa própria tarde a injectar Gonal F. Este Gonal F é injectado uma vez por dia, sempre à mesma hora, a partir daqui e até ao fim do tratamento.

Hipótese 2- Os níveis hormonais não são os esperados - prossigo só com o Decapeptyl mais uma semana. Finda essa semana há nova recolha de sangue e nova verificação dos níveis hormonais. Se forem os esperado inicio o Gonal F, se não continuo apenas com o Decapeptyl (e assim sucessivamente até os níveis serem os esperados para iniciar o Gonal F).

23/07/2007
Nova análise ao sangue para medição dos níveis hormonais.

27/07/2007
Assumindo que dei inicio às injecções de Gonal F dia 16 há nova análise ao sangue e ecografia para medição de folículos.

Assumindo que se verificou a hipótese 1 e que o plano não teve falhas (o organismo reagiu conforme esperado) marca-se a recolha de óvulos para poucas horas depois.

Só depois da fecundação deles é que é marcada a transferência.

Este é o plano. A cada análise feita há a hipótese de reajuste do Protocolo.

Está montado o estaminé



Amanhã a grande prova.

O treino do Ele

Apesar de o Ele não ir fazer qualquer tipo de tratamento ele resolveu dar uma picadinha também, por empatia. Ontem treinámos os dois em conjunto.

Já ele tinha dado a dele ainda eu me estava a preparar psicologicamente...

Os treinos femininos

Ontem houve treino de manhã e à tarde.

De manhã foi à 10ª tentativa que consegui dar a injecção. À tarde foi à 2ª.

Acabei agora mesmo de fazer mais uma sessão de treinos: logo à primeira tive sucesso.

Acho que amanhã não vou ter problemas.

29 junho 2007

Já sonho com isso

Tenho o despertador para tocar por volta das oito da manhã (provavelmente vai ter que ser ajustado pois foi essa a hora a que pensei dar as injecções), e hoje estava a sonhar quando ele tocou.

Felizmente tocou e acordou-me, porque o que eu sonhava era que queria dar a injecção mas não conseguia. Estava a ser um bocado dramático, o Ele dizia-me que quando fui aprender até correu bem e porque é que agora em casa não conseguia...

Bem, já passou. Logo, os treinos.

28 junho 2007

Porque é que é a Ela a fazer os tratamentos?

Com a explicação do que vai acontecer pode ser que seja fácil perceber porque é que a Ela é que está sujeita aos tratamentos.

Para que haja fecundação é necessário um óvulo e um espermatozoide, certo?

Para a obtenção do espermatozoide a coisa até que se faz de modo simples e tradicional. Mas e para a obtenção do óvulo? O acesso a ele é um pouco mais difícil e a quantidade que é produzida pela mulher é muito reduzida.

E qual a importância da quantidade? Porque para que as hipóteses de sucesso do tratamento sejam maiores não se vai transferir apenas um embrião mas sim entre 2 a 3. Logo aqui seriam necessários mais que um óvulo. As mulheres libertam apenas um por mês, em condições ditas normais.

Por outro lado, há uma grande percentagem de óvulos e/ou embriões que ficam "inutilizados" (a palavra é muito feia mas transmite a ideia) durante os vários processos a que são sujeitos até serem transferidos propriamente ditos. Por isso é conveniente que seja feita a recolha de o máximo possível de óvulos para que sejam fecundados o máximo possível para que pelo menos um tenha sucesso.

Se a mulher liberta em condições normais um óvulo é necessário então um estímulo para que sejam produzidos mais que um... mais que muitos.
O tratamento hormonal que vou fazer serve exactamente para isso: estimular a produção e maturação de vários óvulos.

Faltam 4 dias

Para 2ª feira...

27 junho 2007

ICSI




Imagem retirada deste site: http://www.firstivf.net/laboratory_tour.htm

Do início?

Se é que é possível e há um ínicio, qual foi ele? O início de quê?

O que ia ser o início para nós começou com uma resolução de casal e uma ida ao médico, mera rotina, para fazer tudo como deve ser feito - o deixar de tomar a pílula, os cuidados, algumas perguntas. Estávamos em Fevereiro de 2002.

Numa consulta de rotina no ano seguinte pergunto se é normal ainda não haver gravidez e pelo sim pelo não foi-nos passada uma credencial para irmos a consultas de Infertilidade na Maternidade Alfredo da Costa (a.k.a. MAC). Tivemos a primeira consulta em Dezembro de 2003.

Seguem-se uma série de exames, de contratempos, de esperas até que em 2004 nos é dado o veredicto: o Ele sofre de teratospermia, a solução é obrigatoriamente ICSI (IntraCitoplasmaticSpermInjection).

Segue-se mais de um ano de espera até sermos chamados para entrarmos para a lista de espera.
Dia 11 de Novembro de 2005 entrámos na lista de espera (página 67 - UAU!) e em Janeiro de 2007 temos a primeira consulta ICSI já com o médico que ficou com o nosso processo.

Na próxima 2ª feira temos um novo início.

Teratospermia ou Teratozoospermia

A dúvida de toda a gente

Ontem, durante o almoço com a minha mãe, ela disse-me:

"Se o problema é devido ao Ele, porque é que és tu que tens que fazer o tratamento? Ele não faz nada?"

Até certo ponto ela ficou a achar que estaria a fazer uma pergunta parva, descansou quando lhe disse que quase toda a gente me perguntava o mesmo.

A questão é que apesar e devido à causa orgânica da infertilidade estar no Ele quem está sujeita a todos os tratamentos sou eu. "Apesar" porque à partida se há uma irregularidade nele deveria ser nele que incidiriam os tratamentos e "devido" porque precisamente por isso eles têm que incidir em mim.

É uma questão de estímulo. A explicar mais tarde.


(PS - É claro que o Ele faz alguma coisa ;))

26 junho 2007

Esperar...

É o que mais temos feito...

Esperar pelas consultas, pela análises, pelos resultados, pelas decisões...esperar agora que as hormonas façam o que lhes compete, que o corpo reaja como é suposto, esperar, esperar...

Se tudo correr bem, os nove meses de espera vão parecer uma eternidade...ou não, porque comparado com o que já esperámos não é nada, é apenas uma pequena parte, apesar de muito importante.

A sensação de impotência é grande, porque não há nada que eu possa fazer até chegar à minha vez de "actuar".

E porque o sofrimento psicológico já o partilho, decidi pelo menos partilhar algum do sofrimento físico, ao fazer também algumas injecções...para ter esta sensação, porque a outra, a mais bela, a mais fantástica e espectacular, nunca vou poder saber como é...

25 junho 2007

Obrigada amor!

Disse-me o Ele há um bocado, ao jantar, que assim em modos de solidariedade para comigo que vai também ele dar injecções.

Não de hormonas, claro, mas de soro fisiológico.

Eu fico contente pelo teu acto, mas basta dares uma, ok? Não vais andar a dar shots de soro e a ficar todo furadinho por solidariedade...

22 junho 2007

Só um cm?!

Isto das injecções é uma coisa muito gira, muito fashion e isso tudo, mas há aqui um detalhe... assim nada de especial à primeira vista mas que me vai atazanar a vida um bocado.

Ora aqui a Ela é magrita. Magrita assim tipo entre a pele e o músculo não ter 2 cm's de chicha. Pois é. E qual é o problema? Mas isso é simplérrimo!

As injecções são sub-cutâneas, e as agulhas têm cerca de 1,7 cm de comprimento. Significa isto que tendo eu que enfiar a agulha até ao fundo, não tenho carninha suficiente onde a agulha fique inteiramente espetada. Sim, faz um bocadito de impressão ver. Mas acho que faz mais impressão sentir, não é por nada.

21 junho 2007

A aprendizagem

Aprender a preparar e a dar as injecções.

Para o Decapeptyl a coisa até parece complicada:

"Põe a agulha assim, verifica isto depois puxa o êmbolo sem encher muito, porque tudo o que puxar aqui terá que injectar, este líquido só serve para a diluição, depois o pó é que é importante, espeta a agulha na tampa, tem aqui uma espécie de alvo, deita o líquido de diluição, agita, volta a por a agulha, há-de reparar que a tampa faz uma espécie de janelinha, é importante que não ponha muito ar, depois retira a agulha, tira o ar, faz uma preguinha de pele com a mão, injecta a agulha, depois tira a mão que faz a preguinha, deixa a pele esticar, sempre com a agulha a direito, e depois injecta até ao fim."

Com o Gonal F é mais fácil. Uma "caneta já carregada" em que é só ajustar a dose. Depois espetar a agulha do mesmo modo, pressionar o embolo e deixar o dedo a carregar 5 segundos. Já está.

Sim, 11 dias...

Onze dias para o início da recta final de uma viagem que já dura há cinco anos...

Onze dias em mil oitocentos e vinte cinco de viagem...

Onze dias que são "apenas" zero vírgula seis por cento da viagem efectuada até agora...

Onze dias de angústia, ansiedade e dúvidas...a juntar aos outros dias que ficaram para trás...

Onze dias que depois darão lugar a mais trinta dias, que darão lugar a duzentos e trinta dias...de espera.

Faltam 11 dias

Para "embarcar" nesta viagem. Faltam 11 dias para recomeçar uma vida, para deixar esta para trás.

5 anos depois.