29 junho 2007

Já sonho com isso

Tenho o despertador para tocar por volta das oito da manhã (provavelmente vai ter que ser ajustado pois foi essa a hora a que pensei dar as injecções), e hoje estava a sonhar quando ele tocou.

Felizmente tocou e acordou-me, porque o que eu sonhava era que queria dar a injecção mas não conseguia. Estava a ser um bocado dramático, o Ele dizia-me que quando fui aprender até correu bem e porque é que agora em casa não conseguia...

Bem, já passou. Logo, os treinos.

28 junho 2007

Porque é que é a Ela a fazer os tratamentos?

Com a explicação do que vai acontecer pode ser que seja fácil perceber porque é que a Ela é que está sujeita aos tratamentos.

Para que haja fecundação é necessário um óvulo e um espermatozoide, certo?

Para a obtenção do espermatozoide a coisa até que se faz de modo simples e tradicional. Mas e para a obtenção do óvulo? O acesso a ele é um pouco mais difícil e a quantidade que é produzida pela mulher é muito reduzida.

E qual a importância da quantidade? Porque para que as hipóteses de sucesso do tratamento sejam maiores não se vai transferir apenas um embrião mas sim entre 2 a 3. Logo aqui seriam necessários mais que um óvulo. As mulheres libertam apenas um por mês, em condições ditas normais.

Por outro lado, há uma grande percentagem de óvulos e/ou embriões que ficam "inutilizados" (a palavra é muito feia mas transmite a ideia) durante os vários processos a que são sujeitos até serem transferidos propriamente ditos. Por isso é conveniente que seja feita a recolha de o máximo possível de óvulos para que sejam fecundados o máximo possível para que pelo menos um tenha sucesso.

Se a mulher liberta em condições normais um óvulo é necessário então um estímulo para que sejam produzidos mais que um... mais que muitos.
O tratamento hormonal que vou fazer serve exactamente para isso: estimular a produção e maturação de vários óvulos.

Faltam 4 dias

Para 2ª feira...

27 junho 2007

ICSI




Imagem retirada deste site: http://www.firstivf.net/laboratory_tour.htm

Do início?

Se é que é possível e há um ínicio, qual foi ele? O início de quê?

O que ia ser o início para nós começou com uma resolução de casal e uma ida ao médico, mera rotina, para fazer tudo como deve ser feito - o deixar de tomar a pílula, os cuidados, algumas perguntas. Estávamos em Fevereiro de 2002.

Numa consulta de rotina no ano seguinte pergunto se é normal ainda não haver gravidez e pelo sim pelo não foi-nos passada uma credencial para irmos a consultas de Infertilidade na Maternidade Alfredo da Costa (a.k.a. MAC). Tivemos a primeira consulta em Dezembro de 2003.

Seguem-se uma série de exames, de contratempos, de esperas até que em 2004 nos é dado o veredicto: o Ele sofre de teratospermia, a solução é obrigatoriamente ICSI (IntraCitoplasmaticSpermInjection).

Segue-se mais de um ano de espera até sermos chamados para entrarmos para a lista de espera.
Dia 11 de Novembro de 2005 entrámos na lista de espera (página 67 - UAU!) e em Janeiro de 2007 temos a primeira consulta ICSI já com o médico que ficou com o nosso processo.

Na próxima 2ª feira temos um novo início.

Teratospermia ou Teratozoospermia

A dúvida de toda a gente

Ontem, durante o almoço com a minha mãe, ela disse-me:

"Se o problema é devido ao Ele, porque é que és tu que tens que fazer o tratamento? Ele não faz nada?"

Até certo ponto ela ficou a achar que estaria a fazer uma pergunta parva, descansou quando lhe disse que quase toda a gente me perguntava o mesmo.

A questão é que apesar e devido à causa orgânica da infertilidade estar no Ele quem está sujeita a todos os tratamentos sou eu. "Apesar" porque à partida se há uma irregularidade nele deveria ser nele que incidiriam os tratamentos e "devido" porque precisamente por isso eles têm que incidir em mim.

É uma questão de estímulo. A explicar mais tarde.


(PS - É claro que o Ele faz alguma coisa ;))

26 junho 2007

Esperar...

É o que mais temos feito...

Esperar pelas consultas, pela análises, pelos resultados, pelas decisões...esperar agora que as hormonas façam o que lhes compete, que o corpo reaja como é suposto, esperar, esperar...

Se tudo correr bem, os nove meses de espera vão parecer uma eternidade...ou não, porque comparado com o que já esperámos não é nada, é apenas uma pequena parte, apesar de muito importante.

A sensação de impotência é grande, porque não há nada que eu possa fazer até chegar à minha vez de "actuar".

E porque o sofrimento psicológico já o partilho, decidi pelo menos partilhar algum do sofrimento físico, ao fazer também algumas injecções...para ter esta sensação, porque a outra, a mais bela, a mais fantástica e espectacular, nunca vou poder saber como é...

25 junho 2007

Obrigada amor!

Disse-me o Ele há um bocado, ao jantar, que assim em modos de solidariedade para comigo que vai também ele dar injecções.

Não de hormonas, claro, mas de soro fisiológico.

Eu fico contente pelo teu acto, mas basta dares uma, ok? Não vais andar a dar shots de soro e a ficar todo furadinho por solidariedade...

22 junho 2007

Só um cm?!

Isto das injecções é uma coisa muito gira, muito fashion e isso tudo, mas há aqui um detalhe... assim nada de especial à primeira vista mas que me vai atazanar a vida um bocado.

Ora aqui a Ela é magrita. Magrita assim tipo entre a pele e o músculo não ter 2 cm's de chicha. Pois é. E qual é o problema? Mas isso é simplérrimo!

As injecções são sub-cutâneas, e as agulhas têm cerca de 1,7 cm de comprimento. Significa isto que tendo eu que enfiar a agulha até ao fundo, não tenho carninha suficiente onde a agulha fique inteiramente espetada. Sim, faz um bocadito de impressão ver. Mas acho que faz mais impressão sentir, não é por nada.

21 junho 2007

A aprendizagem

Aprender a preparar e a dar as injecções.

Para o Decapeptyl a coisa até parece complicada:

"Põe a agulha assim, verifica isto depois puxa o êmbolo sem encher muito, porque tudo o que puxar aqui terá que injectar, este líquido só serve para a diluição, depois o pó é que é importante, espeta a agulha na tampa, tem aqui uma espécie de alvo, deita o líquido de diluição, agita, volta a por a agulha, há-de reparar que a tampa faz uma espécie de janelinha, é importante que não ponha muito ar, depois retira a agulha, tira o ar, faz uma preguinha de pele com a mão, injecta a agulha, depois tira a mão que faz a preguinha, deixa a pele esticar, sempre com a agulha a direito, e depois injecta até ao fim."

Com o Gonal F é mais fácil. Uma "caneta já carregada" em que é só ajustar a dose. Depois espetar a agulha do mesmo modo, pressionar o embolo e deixar o dedo a carregar 5 segundos. Já está.

Sim, 11 dias...

Onze dias para o início da recta final de uma viagem que já dura há cinco anos...

Onze dias em mil oitocentos e vinte cinco de viagem...

Onze dias que são "apenas" zero vírgula seis por cento da viagem efectuada até agora...

Onze dias de angústia, ansiedade e dúvidas...a juntar aos outros dias que ficaram para trás...

Onze dias que depois darão lugar a mais trinta dias, que darão lugar a duzentos e trinta dias...de espera.

Faltam 11 dias

Para "embarcar" nesta viagem. Faltam 11 dias para recomeçar uma vida, para deixar esta para trás.

5 anos depois.